segunda-feira, 16 de maio de 2011

Por que criar um blog

   Pode parecer estranho eu ter resolvido criar um blog só agora, 1 ano e três meses depois da partida do meu filho. Mas tenho motivos para isso. Durante a primeira fase do meu luto quis me fechar, e assim o fiz. Não queria me expor de jeito nenhum, nem sair de casa eu saía. Mas ao mesmo tempo queria falar do meu filho, acho que era uma maneira dele estar presente, não sei. Mas no começo sobravam pessoas pra me ouvir. Vinham muitas pessoas aqui em casa, e se prontificavam a ficar horas me ouvindo falar, contando como tudo aconteceu. Gente que muitas vezes eu nem conhecia aparecia no meio da tarde, todo dia vinha alguém, às vezes pra me dar palavras de conforto, outras vezes diziam cada coisa que me dava vontade de esganar, tipo "se fosse comigo eu morria", ou então "você é muito forte hein, se fosse eu estaria louca ou em cima de uma cama", ou ainda "nossa, você até que está muito bem". Haja paciência. Dava vontade de dizer "não é força não,é que não tenho opção" Poxa vida, eu também jamais imaginei que sobreviveria à perda do meu filho.  Muitas vezes me senti culpada (e isso acontece até hoje) por conseguir comer, por conseguir dormir, até mesmo por estar viva e com saúde (saúde física, mas a emocional em frangalhos). Só Deus sabe o quanto eu pedi pra morrer. Enfim, bem ou mal sempre tinha espaço para falar da minha dor. Só que o tempo foi passando e as pessoas foram sumindo. Ninguém queria falar mais no assunto. As visitinhas desapareceram, cada um foi viver a sua vida (e não condeno ninguém por isso). Ninguém demonstrava mais o mesmo interesse em falar sobre tudo isso. Até acho que possa ter sido por medo de me entristecer ainda mais, mas o fato é que às vezes parecia (ou parece) que tudo já ficou no passado, e acham que eu tenho que seguir minha vida como era antes, como se nada tivesse acontecido. Mas jamais as coisas serão como antes. Quero continuar falando do meu filho como se ele estivesse aqui. E ele está, sempre no meu coração e nos meus pensamentos 24 horas por dia. Por isso criei o blog, para desabafar e também ler o que todas as mães que passam por essa dor têm a dizer. Para os outros podemos até parecer repetitivas, mas acho que se nós pudéssemos trocaríamos experiências o dia todo, pois o que uma mãe escreve cai como uma luva para a outra, os sentimentos são muito parecidos. Assim não nos sentimos tão sozinhas perante a esse mundo, e podemos falar do amor que sentimos pelos nossos filhos, a hora que quisermos e como quisermos.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Dia das mães* Agradecimento ao padre Alan

  Dia das mães ontem. Dia estranho, vazio, passado em branco. Como se fosse um dia qualquer. Fiquei em casa com meu marido, almoçamos, tudo "normal". É isso que nos resta fazer nas datas comemorativas. Tentar passar a data pelo menos com dignidade, e torcer para que o dia acabe logo. Se eu pudesse, não passaria por nenhuma dessas datas. Se eu pudesse, não passaria pelo resto da minha vida inteira. 
   Ontem também foi a despedida do padre Alan, da paróquia de nossa comunidade. O padre Alan nos deu muita força nessa difícil jornada da nossa vida. Visitou nosso filho no hospital. Esteve no velório, celebrou a missa de sétimo dia, a missa de um ano de partida. Esteve por duas vezes em nossa casa nos visitando, nos dando forças, falando do amor de Deus. Na missa de um ano, leu com muito carinho uma linda mensagem de Santo Agostinho chamada "A morte não é nada." Agora o padre vai continuar sua missão em outra cidade. Mas jamais esqueceremos o que ele fez por nós. Mais uma vez fica o nosso sincero agradecimento, e os votos de muita saúde, paz, e que Deus continue abençoando cada vez mais a sua missão sacerdotal. Muito obrigada, padre Alan!     
    Se quiserem saber mais sobre o padre Alan, visite o blog http://padrealanpalavraviva.blogspot.com.
                                                         

sábado, 7 de maio de 2011

As festividades e as perdas

 As épocas festivas são repletas de propagandas de famílias reunidas, todo mundo se abraçando, a impressão é que o mundo é perfeito e tristezas simplesmente não existem (ou só acontecem com os outros). É tudo tão envolvente, que às vezes acreditamos mesmo que o mundo é cor-de-rosa. Até que a vida nos arrebata quem mais amamos. Aí caímos na real. Os comerciais, com suas lindas músicas e homenagens, os imensos cartazes nas lojas, o desejo de "feliz dia das mães" de alguma simpática vendedora (que nem imagina a dor que você está passando), TUDO se torna absurdamente doloroso. 
    O dia das mães é um dos piores dias (senão o pior) para uma mãe que perdeu seu filho. E não adianta tentar fugir de tudo e se fechar em casa, ano passado fiz isso (fiquei oito meses sem sair de casa), e nem por isso sofri menos. A TV, a internet e o rádio são implacáveis. Depois que perdemos um filho qualquer época é triste, mas essas festividades familiares são verdadeiros martírios. Como é ruim, meu Deus. Quantas pessoas devem estar passando por isso. O mundo escureceu, não tem jeito. O encanto acabou.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Primeira postagem

       Amor e saudade. É o que sinto pelo meu filho. Amor desde o dia em que soube que ele crescia dentro de mim. E saudade desde que o perdi, no dia 12 de fevereiro de 2010, com apenas 9 anos.
       Hoje era para ser um dia feliz, pois é meu aniversário. Mas para mim é uma data muito triste, pois não tenho mais meu Brilho comigo. Se me fosse concedido um desejo, só pediria uma coisa: quero meu filho de volta. Ah, se ele estivesse aqui, seria tão bom! Hoje provavelmente também seria a comemoração do dia das mães na escola, sempre era na sexta-feira que antecedia o domingo das mães. Meu Deus, como eu gostava desse dia! Chegar na escola no finzinho da tarde e poder ver meu filho cantando e dançando pra mim, depois de ter ensaiado durante vários dias com a turminha. E depois ele vinha correndo me abraçar e me entregava um presente feito por ele mesmo, por suas lindas mãozinhas! Era realmente maravilhoso, parecia um sonho. E de repente, o sonho acabou. Agora é só tristeza, só saudade. Mas o amor continua aqui. Cada vez mais forte. Te amo Brilho, onde quer que esteja. TE AMO.